Filho de Osama se torna ativista da paz

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Cairo, Egito: Omar Osama bin Laden possui grande semelhança com seu famoso pai - exceto por seus longos dreadlocks. Vestindo jaqueta de couro, o jovem de 26 anos não renega seu pai, o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden.

Omar declarou em recente entrevista à Associated Press, que existe um meio melhor - não a guerra - para defender o Islã. Disse ainda que pretende virar um "embaixador da paz" entre os Muçulmanos e o Ocidente.

O filho de Osama, recentemente, causou rebuliço nos tablóides europeus por casar com uma pensionista inglesa de 52 anos. Omar disse ao entrevistador, Paul Schemm, que "a questão é mudar a mentalidade Ocidental. Muitas pessoas acham que os árabes - especialmente os bin Ladens - são todos terroristas. Isso não é verdade".

"Omar acha que pode ser um negociador", disse Zaina Al-Sabah, que tenta levar o marido para a sua terra natal: "Ele é um dos únicos no mundo que pode fazer isso".

Antes de conhecer Zaina, Omar viveu com seu pai, no Sudão, e depois, em 1996, mudou-se para o Afeganistão, onde treinou nos campos de treinamento da Al-Qaeda. Quatro anos depois deixou o treinamento de lado e voltou para sua terra natal, a Arábia Saudita.

"Eu não quero estar nisso apenas para lutar. Eu gosto de achar novas soluções e essa solução pode ser justamente o que estamos fazendo agora: conversando", disse em inglês, sugerindo que seu pai não se opôs à sua saída.

Autoridades do Egito prestaram breve depoimento sobre a estadia de Omar no país: "Ele vai e vem como qualquer outro turista", disse um oficial em anonimato - por não estar autorizado a falar com a mídia. "Ele segue uma linha totalmente diferente de seu pai".

Omar disse que não tem visto ou contactado seu pai desde que saiu do Afeganistão: "Ele não tem email e não usa telefones. Se ele tivesse qualquer coisa dessas, já teriam o achado por meio dos satélites. Omar não critica seu pai e diz que Osama está apenas tentando defender o Islã.

"Meu pai acha que ele será bom por defender o povo árabe e impedir que qualquer pessoa machuque os árabes e muçulmanos em qualquer lugar do mundo", disse ele, lembrando que o Ocidente não teve problemas com seu pai, nos anos 80, quando Osama lutou contra os russos no Afeganistão.

Omar tem convicção de que é possível uma trégua entre o Ocidente e Al-Qaeda.

"Meu pai está pedindo por uma trégua, mas eu não acho que algum governo respeite ele. Ao mesmo tempo que eles não respeitam-no, por que então, todos no mundo, querem lutar contra ele? Há uma contradição".

Osama bin Laden - que acredita-se estar escondido na região fronteiriça entre o Paquistão e o Afeganistão - ofereceu um cessar-fogo à Europa numa gravação em 2004, e uma trégua condicional aos Estados Unidos numa mensagem em 2006. Em novembro, ele pediu às nações européias que batessem em retirada do Afeganistão, em uma mensagem vista por "experts" como uma tentativa de Osama alcançar a Europa.

Mas em uma série de mensagens desde o último outono, Osama pediu que os muçulmanos se engajem no Jihad (Guerra Santa) e encorajou os guerrilheiros iraquianos a continuar com a sua luta contra as forças estadunidenses e iraquianas.

Acredita-se que pelo menos dois filhos de Osama bin Laden - Hamza e Saad - tenham papel ativo dentro da Al-Qaeda. O primeiro estaria em companhia de seu pai e o outro no Irã, preso.

Entretanto, a maioria dos filhos do líder da Al-Qaeda - como Omar - são legítimos homens de negócios. A família bin Laden repudiou Osama em 1994, quando a Arábia Saudita o expatriou por causa de suas atividades militantes.

A família bin Laden é rica: O pai de Osama, Mohammed - falecido em 1967 e com mais de 50 filhos - fundou o Grupo Binladen, um conglomerado de construtoras que controla a maioria das grandes construções na Arábia Saudita.

Desde que saiu do lado do pai, Omar viveu na Arábia - onde dirigiu uma das empresas do Grupo Binladen - e passou muito tempo cavalgando pelas Pirâmides de Giza, onde conheceu sua mulher, Jane Felix-Browne, conhecida atualmente como Zaina.

O casamento, ocorrido em abril, os colocou nas capas dos tablóides - especialmente na Grã-Bretanha - que informavam: "vovó casa com o filho de Osama bin Laden". Alsabah casou cinco vezes e tem cinco netos.

O casal planeja, em março, fazer uma corrida de cavalos pela África do Norte. Ainda em planejamento, ambos aguardam pela aprovação dos governos sobre as rotas e buscam patrocinadores que possam pagar pelo evento e levantar fundos para as crianças vítimas da guerra.

Omar disse que planejam cavalgar 30 milhas por dia, com descansos periódicos de uma semana em cada país.

Times ao redor do mundo serão encorajados a participar do que o casal chama de "versão eqüina" do Paris-Dakar. O "Rally Eqüino" foi cancelado esse ano por temerem ameaças terroristas feitas pelos afiliados da Al-Qaeda na África do Norte.

Omar, entretanto, disse que não estava preocupado: "Eu ouvi que o rally foi cancelado por causa da Al-Qaeda. Eu não acho que eles conseguirão me deter".

Mais informações:

Vídeo da entrevista (East Valley Tribune)